A vida vai torta
Jamais se endireita
O azar persegue
Esconde-se espreita
Nunca dei um passo
Que fosse correcto
Eu nunca fiz nada
Que batesse certo
E enquanto esperava
No fundo da rua
Pensava em ti
E em que sorte era a tua
Quero-te tanto
Quero-te tanto
De modo que a vida
um circo de feras
E os entretantos
So as minhas esperas
E enquanto esperava
No fundo da rua
Pensava em ti
E em que sorte era a tua
Quero-te tanto
Quero-te tanto.
Um dia, há poucos anos, dedicaram-me esta música dos xutos.
Eu sorria e conforme ia ouvindo, os meus alarmes começaram a soar.
Perdendo o sorriso e com todas as campainhas e apitos a ecoarem dentro de mim,
senti o chão a fugir sob os meus pés.
A sensação não era nova.
A descoberta que os passos errados de outrém nos pudessem levar a uma má sorte qualquer, já tinha sido feita uns anos antes, a infelicidade de não ter sabido detectar a tempo os indicios e os sinais, o sentimento esmagador de que era estupida a martelar-me o dia todo, a impossibilidade de resolver logo sem mais demoras os problemas de outros.
Porquê estas memórias hoje?
Porque estava eu, entre mergulhos, deitada ao sol, quando uma cigana se abeira de mim e me diz:
-Posso ler-lhe a sina, menina? A si que nunca teve sorte na vida...
Credo! Cruzes!
Fecho os olhos e abano negativamente a cabeça.
Phoniiiiiix!!! Será que tenho um 13 desenhado na testa??? :)
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4 comentários:
Marginal,
Rásparta a cigana!
Por acaso concordas com ela?
Não tinhas, quando ela se abeirou de ti, pelo menos a neta?
Tens é que dar uns xutos e uns pontapés no destino. Mas isso já tu fizeste, se não interpretei mal o que de ti tenho lido.
Ser marginal não é fácil. Marginal de nós, pior ainda. E sem rede. Mas é uma boa escolha! :)
Marginal,
É engraçado que te refiras a esses "sinais" que nos arrepiam por dentro e que nós, tolamente, ignorámos.
Também existem os outros, os que contra tudo e contra todos, nos aproximam do impensável.
Mas estes são uma tranquilidade que nos faz sorrir:))
Beijos enormes
PS: as ciganas são intuitivas, olham para nós e percebem a nossa fragilidade, acertam ao acaso.
Alien, às vezes e analisando certas "escolhas" acho que sim, que o raio da cigana acertou :)
Mas embora com cunho de azaradas, essas mesmas escolhas, trouxeram-me coisas boas, deram-me a conhecer pessoas de quem gosto, levaram-me a aprender tanta coisa, mas...levaram-me a conhecer a fealdade do ser humano, essa que eu não queria conhecer, na minha ansiedade de ser feliz e fazer os outros felizes...
azar o meu : nasci sonhadora! :)
Sem rede na minha margem interior.
E sem sebenta para a vida.
:)
Lola
...esses sinais bons, que nos aproximam do impensável :)) são os que me trouxeram até aqui :)) até este ponto da minha vida :)
A esta serenidade quieta que me faz sorrir :)
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