quarta-feira, 9 de julho de 2008

A vida vai torta

Jamais se endireita

O azar persegue

Esconde-se espreita

Nunca dei um passo

Que fosse correcto

Eu nunca fiz nada

Que batesse certo

E enquanto esperava

No fundo da rua

Pensava em ti

E em que sorte era a tua

Quero-te tanto

Quero-te tanto

De modo que a vida

um circo de feras

E os entretantos

So as minhas esperas

E enquanto esperava

No fundo da rua

Pensava em ti

E em que sorte era a tua

Quero-te tanto

Quero-te tanto.







Um dia, há poucos anos, dedicaram-me esta música dos xutos.





Eu sorria e conforme ia ouvindo, os meus alarmes começaram a soar.



Perdendo o sorriso e com todas as campainhas e apitos a ecoarem dentro de mim,

senti o chão a fugir sob os meus pés.



A sensação não era nova.



A descoberta que os passos errados de outrém nos pudessem levar a uma má sorte qualquer, já tinha sido feita uns anos antes, a infelicidade de não ter sabido detectar a tempo os indicios e os sinais, o sentimento esmagador de que era estupida a martelar-me o dia todo, a impossibilidade de resolver logo sem mais demoras os problemas de outros.


Porquê estas memórias hoje?


Porque estava eu, entre mergulhos, deitada ao sol, quando uma cigana se abeira de mim e me diz:

-Posso ler-lhe a sina, menina? A si que nunca teve sorte na vida...


Credo! Cruzes!

Fecho os olhos e abano negativamente a cabeça.


Phoniiiiiix!!! Será que tenho um 13 desenhado na testa??? :)

4 comentários:

Alien8 disse...

Marginal,

Rásparta a cigana!

Por acaso concordas com ela?

Não tinhas, quando ela se abeirou de ti, pelo menos a neta?

Tens é que dar uns xutos e uns pontapés no destino. Mas isso já tu fizeste, se não interpretei mal o que de ti tenho lido.

Ser marginal não é fácil. Marginal de nós, pior ainda. E sem rede. Mas é uma boa escolha! :)

Lola disse...

Marginal,

É engraçado que te refiras a esses "sinais" que nos arrepiam por dentro e que nós, tolamente, ignorámos.

Também existem os outros, os que contra tudo e contra todos, nos aproximam do impensável.

Mas estes são uma tranquilidade que nos faz sorrir:))

Beijos enormes

PS: as ciganas são intuitivas, olham para nós e percebem a nossa fragilidade, acertam ao acaso.

Marginal disse...

Alien, às vezes e analisando certas "escolhas" acho que sim, que o raio da cigana acertou :)


Mas embora com cunho de azaradas, essas mesmas escolhas, trouxeram-me coisas boas, deram-me a conhecer pessoas de quem gosto, levaram-me a aprender tanta coisa, mas...levaram-me a conhecer a fealdade do ser humano, essa que eu não queria conhecer, na minha ansiedade de ser feliz e fazer os outros felizes...

azar o meu : nasci sonhadora! :)


Sem rede na minha margem interior.

E sem sebenta para a vida.

:)

Marginal disse...

Lola

...esses sinais bons, que nos aproximam do impensável :)) são os que me trouxeram até aqui :)) até este ponto da minha vida :)


A esta serenidade quieta que me faz sorrir :)