quinta-feira, 10 de julho de 2008

Confesso que o ultimo mês, sem saber de ti, Pesseguinha, sem receber resposta aos e-mails curtos mas carinhosos e sorridentes que te enviei, me estava a preocupar.

Por fim, ontem, conseguimos encontrar-nos aqui, no msn, e matar um pouco as saudades, que continuam a ser recíprocas.

Nas novas fotos, encontro-te mais alta, o rosto, ja ganhou a sedução própria dos 15 anos, perdendo os traços infantis, com os quais nas minhas memórias recorrentes de saudades, ainda te vejo...

...embora nos últimos encontros virtuais que tivemos, não tivessemos falado desse sentmento que nos mantém ligadas, ontem, qum sabe levadas pela proximidade com as férias e com as memórias que nos inundam, centramos a nossa conversa nela...

Desarmas-me quando te confessas saudosa de tudo com um sorriso triste. QUando me perguntas ansiosa, pela mais nova da tribo, tribo que guardo no peito e da qual sempre farás parte.

Confesso-te que se não mudas de smile ainda me fazes chorar (e sem o saberes, lagrimas doces já se passeiam pelas minhas faces) e tu, sorris por fim, com esse sorriso lindo que guardo na memória para sempre.

Falas-me nas subidas dos montes, dos jogos de poker de dados, de sueca e de copas.

Éramos sempre parceiras.

E que gargalhada pegada, quando querendo fazer um poker de mão, dizíamos, erguendo-nos da cadeira: vai ser um póker de pé :)

Falamos das praias que descobrimos, dos mergulhos que demos, das travessias calmas no rio caldo ,de canoa, pagaiávamos bem as duas! das empatias que sentimos, da partilha de todos os sentimentos e inquietações que com um simples olhar descobríamos na outra.


Dos ensinamentos simples na cozinha. Vou-te ensinar a fazer o empadão que tanto gostas. E rio-me quando por causa da cebola, choras. Ensino-te: abres a torneira e deixas que a agua fria passe pelas mãos e pela faca e tb podes dar banho à cebola...


Explicas-me, porque se calhar julgas que tens que mo explicar: é que das três irmãs eu fui sempre a mais chegada a ti, não querendo parecer presunçosa.


Pessega querida, companheira inesqueível, tu nunca serás presunçosa, tens dentro de ti esse coração nobre e leal, das pessoas grandes, tens dentro de ti o equilibrio mágico que te faz ser e crescer e brilhar sem magoar ninguém, sem fazer mal a alguém.

Nunca terás necessidade de humilhar alguem para te sentires bem e vingada, sabe-se lá de quê.

Não tens em ti, qualquer maldade ou necesidade de maldade. E tens aquele sentido de humor, tão identico ao meu, que nos fazia desatar a rir de pequenos nadas, que aos outros passavam ao lado.

Apanhavamos borboletas e o caricato das situações tão rápido, que ninguém à nossa volta percebia nada.


Pergunto-te à queima roupa: já depilas as pernas? Ris e respondes vitoriosa: foi uma das conquistas deste ano que passou :-D
Faço com tiras de cera e não me doi nada!

Sortuda!

Os quatro anos que vivi, tendo-te por companheira, passaram rápido, miúda gira...

Mas foram cheios!

Venha quem vier, digo-te com olhos marejados, ninguem nos pode tirar o que vivemos, querida!

Temos recordações fantasticas, o mini cruzeiro em Lagos, o mergulho em alto mar, tu a sorrires à sombra da vela enfunada de vento e esperança, os matrecos, os natais, a neve, a ilha mágica, as casinhas de férias, as sandes de atum na praia, as costoletas de vitela barrosã, parecíamos umas selvagens, quando ao fim de um dia de caminhadas e mergulhos em lagoas paradisiacas com iogurtes, fruta e sandocas, nos sentavamos e nos serviam aquele petisco divinal!

As músicas que cantavamos desafinadas e de forma atribulada.

Os U2 na pedra bela, tu a cresceres e eu a gostar de te ver esquecida de borbulhas e pontos negros :)


As nossas conversas sérias, eu tentando explicar-te o que nem eu própria percebia bem, mas que queria aligeirar para ti, suavizar o peso, manter-te esperançosa e alegre, para não haver repercussões nos estudos ou nos cambiantes desse coração puro!


Dizes-me que tens de ir. Estás em casa da tia e vais jantar aos avós. É quarta feira.
Vocês à quarta feira vinham ca jantar e dormir, recordo.


Pedes-me: envia-me sms, vou para o algarve na sexta.

Prometo que sim. Despedimos-nos com sorrisos, beijos, abraços, a saudade que há de restar sempre.

Um adoro-te que vem de dentro, da identificação rápida quando um anjo se cruza connosco, a benção que foi conhecer-te.


Desconectas-te.


Sózinha, olhando um ecran sem vida, agora que te foste, fico a pensar no artigo sobre a felicidade.


Fugir de más relações é também "perder" pessoas incriveis.


Por muito que falemos, a vivência é diferente.


E como que movidas por um código de honra de que não precisamos falar, ha palavras que nunca mais dissemos.


Há pessoas intocáveis nas nossas conversas.


Sem presente ou futuro que possamos de novo vivenciar em partilha, respigamos o nosso passado, sabendo que alterámos o percurso de vida, uma da outra.


Sem mim não terias vivido todas aquelas experiências e eu, sem ti a meu lado, companheira e anjo da guarda, não teria decerto, suportado e acreditado que valia a pena tentar, durante tanto tempo!

Tens 15 anos, pessega querida e sabes o que eu sei.


Quando por fim me deste a conhecer ( e sei que só fizeste porque me vias desesperada) outras vivências silenciosas,



adoeci. E deste-me um conselho: tranca-te.



O último ensinamento foi como a chave deveria ser posta.



Tinhas aprendido com a tua mãe, anos antes.



Tens 15 anos, minha querida, depilas as pernas, és uma aluna brilhante e um ser humano extraordinário.


Que ninguem te desvie ou faça mudar!


Que ninguém ouse...

2 comentários:

Lola disse...

Marginal,

Que maravilha é esta partilha da tua amizade com a pesseguinha.

E percebemos o que não se diz.

De facto ninguém nos rouba o que vivemos.

Beijos enormes a esse coração enorme que é o teu.

Marginal disse...

Lola


obrigada por perceberes o que não está escrito...