segunda-feira, 31 de março de 2008

Carta sem domicilio para envio

Talvez os "poetas" teimem em viver num mundo cor de rosa imaginário.

Lembro-me como te rias das minhas lentes cor de rosa.

Talvez sejam muitas vezes gozados por quem como tu, usa o poder.


Mas o que tu não sabias, é que a poesia também me dá forças para voar

quando tu, na mesma situação, cairias.

É que a poesia que transporto comigo

me dá a paz,

que para ti não passa de solidão, de gume afiado.

É que a poesia me permite -ainda- ver a beleza da vida para lá das rotinas que traçamos, tragamos.


Foi por isso que há muitos meses te enviei uma sms a dizer que eu, maga da minha vida, já tinha iniciado a caminhada e que por muitas que fossem as pedras, já nada me faria voltar atrás.

Tu, na tua cegueira de poder, nunca imaginaste ou suposeste o poder que a poesia também possui, embora de todo, antagónico ao teu.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Com o Natal a acontecer, decidi fazer cozido à portuguesa para o almoço de consoada.

Às vezes consigo surpreender-me até a mim.


Fui apenas prática: raramente tenho toda a minha familia sentada à minha volta!

Somos uma familia de nómadas.


Todos nós gostamos desse prato, rico, quente e de sabores mistos, mas cada uma de nós, eu e as mulheres que me pertencem, raramente o faz, por termos um núcleo demasiado pequeno para alimentar.

Além do mais, ainda sentia raiva por ter estado a cozinhar durante horas, um mês antes, um cozido à portuguesa, para alguém que não o quis provar.

Ao contrario da canção de Pedro Abrunhosa, que espera que alguém lhe leve os seus fantasmas, eu própria trato de exorcizar os meus.


Ninguém tem que levar com os nossos fantasmas.


Ainda numa onda de continuar a exorcizar, fiz uma mousse de chocolate deliciosa e uma baba de camelo leve e cremosa, que foi o culminar de uma overdose de actos de amor, como é, cozinhar.


Acendi as velas, as luzes, abri as garrafas de vinho tinto, maduro como eu.

Vivi o dia de Natal, como vivo todos os dias em que tenho a familia reunida.


O Natal é sempre que um homem quiser, acredito eu.